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domingo, 7 de setembro de 2014

Voluntários buscam alternativas para recuperar Santa Casa de Manaus


Santa Casa de Misericórdia fica localizada nas proximidades do Teatro Amazonas, no Centro de Manaus (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Santa Casa de Misericórdia fica localizada nas proximidades do Teatro Amazonas, no Centro de Manaus (Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Em dezembro deste ano, a Santa Casa de Misericórdia completa uma década de portas fechadas em Manaus. De 2004 até hoje, o local - que já foi referência em atendimento médico na capital amazonense - se tornou abrigo de moradores de rua e animais. Localizada nas proximidades do Largo São Sebastião, que abriga monumentos históricos como o Teatro Amazonas, a Santa Casa encontra-se em estágio terminal.
O G1 visitou o casarão em que o centro de atendimento filantrópico funcionou por quase 130 anos. Lá, a destruição é perceptível já na porta de entrada, pichada e com vidros quebrados - "padrão" que segue por todo o prédio. Segundo ex-funcionários, o local é constante alvo de saques e depredações.
Agora, um grupo de cidadãos tenta alternativas para manter viva a filosofia iniciada em meados do século 19, quando o centro de atendimento foi inaugurado. Entre eles, está o servidor público Claudivan Carvalho. "Nos reunimos voluntariamente em 2012 para investigar o que estava acontecendo com a Santa Casa e que meio poderíamos usar para que voltasse a funcionar. É lamentável ver uma instituição fechar sem resposta para a sociedade. Nos apresentamos à Justiça e mostramos disposição para ajudar", explicou.
Banheiro e quarto onde padre responsável pela capela se instalava foi completamente depredado (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Banheiro e quarto onde padre responsável pela capela se instalava foi completamente depredado (Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Apesar de estar fechada há dez anos, a crise financeira que culminou no encerramento das atividades do hospital começou em 2000, segundo Claudivan. "Nessa época ainda era feito o atendimento normal, mas já existia problema no atraso de pagamento de funcionários e dos fornecedores que mantinham a instituição viva. Sem dinheiro, os fornecedores não poderiam ajudar e, com isso, a diretoria achou melhor suspender os atendimentos de urgência e emergência", relatou.
Atualmente, a Santa Casa não tem custos com contas de energia, já que toda a fiação foi cortada. Desde o dia 30 de maio deste ano, a comissão liderada por Claudivan está como interventora da Santa Casa. No momento, o grupo faz um levantamento de dívidas trabalhistas, do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), de Fundo de Garantia de Tempo de Serviço e de patrimônios da instituição que foram leiloados. "Esse levantamento deve demorar no máximo 30 dias. Só aí poderemos dizer quanto a Santa Casa está devendo. Até então, o que se fala em termos de dívidas é especulação", salientou.
Também na comissão, o bacharel em Direito e servidor público Tiago Queiroz informou que o grupo pediu algumas providências emergenciais junto ao Ministério Público. "Queremos a colocação de tapumes no perímetro que envolve a Santa Casa, a instalação de um posto policial ou patrulhamento permanente já que não temos como custear segurança privada e, por fim, o incremento da iluminação pública [nas ruas] Joaquim Sarmento, 10 de Julho e Lobo d'Almada", disse, acrescentando que os departamentos de Farmácia e Biblioteconomia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) serão convocados para ajudar a catalogar os volumes ainda existentes no local.
Nas dependências da Santa Casa, visitantes se deparam com aparelhos quebrados e fiações cortadas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Nas dependências da Santa Casa, visitantes se deparam com aparelhos quebrados e fiações cortadas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)
“Dívida de R$ 10, 20, 30 mi é boato”, diz interventor
Para garantir a transparência em relação às dívidas da instituição, os interventores criaram um site. No endereço, é possível ver todo o levantamento feito pela comissão até o momento. Segundo Tiago, 80% do débito  já foi calculado. “Ainda estamos aguardando a resposta de 12 varas do Trabalho. Em dez anos de portas fechadas, esse é o primeiro levantamento feito”, comentou.
Não doamos equipamentos de forma irregular, como foi divulgado.
Tiago Queiroz, integrante da comissão de interventores da Santa Casa
Os documentos divulgados no site mostram que o prédio tem uma dívida de R$ 5.007.484,72. Desse número, 19,8% do débito corresponde às ações trabalhistas já apuradas, que totalizam R$ 990.198,55. “Essas informações de que a dívida da Santa Casa chega a R$ 10, 20, 30 milhões é puro boato. Também esclareço que não há prazo para o término da intervenção no local”, frisou o servidor público.
Tiago disse ainda que foram emprestados equipamentos da Santa Casa a um hospital para crianças da capital. De acordo com o interventor, esse repasse não é ilegal. “É mentira que doamos equipamentos de forma irregular, como foi divulgado. A Santa Casa é vítima frequente de saques. Os bens estavam a mercê de serem roubados. Seria uma lástima perder esse material, ainda em condições de uso.  Por isso, celebramos um comodato gratuito de empréstimo. Catalogamos o material doado. Todo bem tem uma função social a ser cumprida e, nesse caso, transferimos a responsabilidade de guarda e o custo de manutenção a esse hospital;. A qualquer momento podemos reaver esses bens”, esclareceu.
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Da Santa Casa, é possível ver a cúpula do Teatro Amazonas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)Da Santa Casa, é possível ver a cúpula do Teatro Amazonas (Foto: Camila Henriques/G1 AM)
Processos
Ao G1, o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) informou que existem dois inquéritos civis públicos em tramitação sobre a Santa Casa de Misericórdia de Manaus. O primeiro deles foi instaurado pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) em 2013 para apurar abandono e deterioração do prédio histórico.
Segundo o MPF, o passo seguinte foi encaminhar a Recomendação nº 10/2014 ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ao Governo do Estado do Amazonas e à Prefeitura de Manaus. O órgão pediu que promovam, em conjunto, ações necessárias para a restauração e conservação do edifício da Santa Casa de Misericórdia.
A Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas (SEC) respondeu à recomendação, sugerindo que, diante da complexidade da questão, fosse convocada reunião com todos os órgãos envolvidos, sob coordenação do MPF, para discutir o caso. Já o Iphan encaminhou ao MPF resposta à recomendação em que se manifesta favorável à medida e solicita documentos comprobatórios da impossibilidade financeira do proprietário do prédio de recuperar o imóvel, para que dar início aos procedimentos internos da instituição necessários ao atendimento da medida indicada na recomendação. O MPF ainda não recebeu resposta da Prefeitura de Manaus sobre a recomendação.
O outro procedimento foi instaurado em julho deste ano para acompanhar a reestruturação das atividades da Santa Casa de Misericórdia de Manaus. Neste inquérito, foi pedido à Fundação de Vigilância em Saúde do Estado do Amazonas cópia dos relatórios existentes quanto à situação da Santa Casa, elaborados com base em vistorias realizadas pelo órgão. O MPF requeriu ainda uma avaliação acerca da restruturação da Santa Casa.
Arte Santa Casa Manaus (Foto: G1 AM )

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