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domingo, 16 de julho de 2017

Todos querem passar em um concurso

Todos querem passar em um concurso (Foto: Maycon Nunes)
Raissa aproveita as horas vagas do curso de Pedagogia para se dedicar a disciplinas obrigatórias em concursos da sua área (Foto: Maycon Nunes)
Em um país onde o desemprego atinge mais de 14 milhões de pessoas, garantir um emprego virou motivo de insônia para os universitários. Prestes a pegar o diploma, agora eles têm a preocupação em sair do Ensino Superior e não conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Muitas vezes, a angústia é maior do que conseguir uma boa nota no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Quase terminando um curso de licenciatura em Pedagogia pelo Instituto Federal do Pará (IFPA), a bolsista e animadora de festas Raissa Alves divide o tempo livre entre estágio obrigatório, matérias finais da graduação e estudos para concursos no serviço público. A grana para bancar o cursinho ainda não veio, mas ela já estuda para vagas voltados à área escolar, a sua preferida. “Acredito que, depois da faculdade, vou precisar conseguir um emprego de manhã ou de tarde para poder fazer as aulas à noite”, antecipa a jovem universitária.
Aos 22 anos, ela fez seu primeiro concurso, para o Tribunal de Contas do Município, em 2014, só mesmo como teste. Depois de entrar na graduação, decidiu buscar seleções voltadas somente à sua área. “Ainda quero especialização, mestrado e o TCC está chegando. Então, não penso ainda em tentar outros cargos. Mas já coloquei na cabeça que é a forma que tenho de garantir o futuro”, conta.
Esse mesmo objetivo fez o técnico em Edificações Túlio Cruz, 22 anos, dividir os ritos do último semestre da faculdade de Análise e Desenvolvimento de Sistemas com um rígido planejamento de estudos envolvendo apostilas, vídeo-aulas e horas a fio resolvendo exercícios preparatórios para provas de concurso público. “O serviço público acaba sendo a única forma de se obter estabilidade financeira, já que praticamente todas as áreas profissionais estão em dificuldades”, justifica ele, que começou a participar de certames há 2 anos. Túlio já fez até cursinho, mas percebeu que rende mais estudando em casa.
DEDICAÇÃO 
Já formado, mas ainda sem emprego, ele se dedica exclusivamente aos estudos, e quando pode acompanha as maratonas de aulas dos cursinhos locais. Os gastos com material, que são altos, ele arca com ajuda da mãe e com “bicos” que faz em sua área, que é a de Informática. Túlio garante cumprir, sem faltas, o esquema de estudos ao qual se propôs. “ Quando trabalhava, sofria para cumprir as horas, mas dava meu jeito. Financeiramente é puxado, devido os preços dos materiais e dos cursinhos de Belém”, admite ele, que mora em Santa Izabel do Pará, distante 40 quilômetros da capital.
Para conquistar o sonho de ser aprovado em um concurso para o cargo de agente da Polícia Federal, o rapaz não estabeleceu prazos. “Estudo continuamente. Hoje, percebo que o conhecimento é cumulativo”, garante. Ele também mantém o otimismo. “A gente estuda, estuda, estuda a mesma coisa, até que uma hora vai dar certo”, diz. Por se submeter a um conteúdo programático extenso, ele não se priva de tentar outras vagas, em áreas administrativas.
"O serviço público acaba sendo a única forma de se obter estabilidade financeira, já que praticamente todas as áreas profissionais estão em dificuldades”, Túlio Cruz, 
analista de sistemas (Foto: Reprodução)
Dez meses depois de formada, só vagas temporárias
A professora Luciana Fernandes, 39 anos, concluiu a graduação em Pedagogia há 10 meses, mas desde bem antes disso já estudava pensando no lançamento de editais para cargos na rede pública de ensino estadual ou municipal. No início deste ano, ela resolveu investir e entrou em um cursinho preparatório, bancado por ela graças ao fato de estar substituindo um outro educador, que está de férias, em uma escola voltada à educação especial. “A intenção é ter estabilidade. Está cada vez mais difícil conseguir um emprego fixo”, reforça. “Não sei realmente quando os editais irão sair, e se eu vou conseguir me manter onde trabalho hoje. Mas o concurso, de uma forma ou de outra, é o foco”, reforça.
Tendência é que disputas fiquem mais competitivas
Com a oferta de emprego caindo, o concurso público virou sinônimo de empregabilidade, sustentabilidade e estabilidade para milhões de pessoas que seguem formadas e até às vezes pós-graduadas, mas sem ter onde trabalhar. Mas o mastercoach de carreiras, Emerson Cartagenes, alerta que conseguir a tão sonhada aprovação pode ser tão difícil quanto ter uma colocação no mercado de trabalho. “É uma opção interessante, com certeza, e com a situação econômica da forma como está, deve ser uma tendência optar pelo emprego público”, confirma. “Mas não é estudando de forma informal e sem comprometimento que se consegue, quanto mais gente procura, mais competitivo se torna esse tipo de seleção. A pessoa tem que se profissionalizar em aprender para passar”, indica.
PREPARE-SE
Confira características citadas pelo coach Emerson Cartagenes, que podem ajudar no processo de preparação para concursos:
- Capacidade de organizar a própria agenda
- Autodisciplina
- Mapear as próprias qualidades, no sentido de aprender mais e melhor
- Preparo técnico, estabilidade emocional e capacidade de síntese 
- Utilizar o tempo de forma inteligente
- Identificar pontos fracos e superá-los, para alavancar resultados
- Dinamizar a maneira de aprender

Para especialista em Marketing, o País vive uma crise na imagem dos políticos

Para especialista em Marketing, o País vive uma crise na imagem dos políticos (Foto: Divulgação)
“Os políticos têm de apresentar mais resultados para a sociedade” (Foto: Divulgação)
Com um cenário político de crise, o fim do financiamento privado das campanhas e as discussões sobre reforma política, não há outro jeito: para conquistar o eleitor, a classe política terá de se relegitimar e se reinventar. “Só é possível alterar esse quadro com uma agenda positiva e com a mudança de paradigmas, forma de pensar e de fazer a política”. Essa é a opinião de Aurízio Freitas, 49 anos, um dos maiores especialistas em Marketing Político no Brasil. Ele esteve em Belém no início de junho ministrando, na Câmara Municipal de Belém, o curso “Eleição é todo dia?”, sobre Comunicação Política e Marketing Eleitoral, que teve como foco o marketing governamental e a democratização do acesso às modernas técnicas de comunicação, além de promover um debate sobre as eleições municipais de 2018.
Aurízio é consultor político e diretor da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP) no Ceará. É graduado em Administração de Empresas, pós-graduado em Marketing Político e Eleitoral, Gestão e Finanças Públicas e Gestão da Comunicação e Marketing Institucional. Participou de mais de 70 projetos de consultoria política e de comunicação para candidatos, partidos, políticos com mandato, órgãos públicos e instituições, em diversos Estados brasileiros. 
Em 2018, redes sociais terão um papel importante na pauta política das eleições (Foto: Divulgação)
Qual a importância de um político cuidar da sua imagem não apenas em ano eleitoral?
Em primeiro lugar é importante deixar claro que a imagem do político é fruto essencialmente das ações e dos resultados apresentados em favor da população. Portanto, a construção e consolidação da imagem pública só podem ocorrer de forma efetiva no médio e no longo prazo. Assim, quem exerce a atividade pública deve encarar sua imagem e seu conceito perante a sociedade como um verdadeiro patrimônio político, construído a cada dia, em um processo de trabalho permanente. Nessa construção não há atalhos, mas sim a necessidade de alicerces bem estruturados com investimento de muito tempo e esforço por parte do político, além de recursos humanos, materiais e financeiros. 
Como a comunicação favorece isso?
A ausência da prática de prestar contas acaba possibilitando que aqueles que divulguem suas atividades se destaquem. Há dezenas de instrumentos de comunicação. Alguns mais simples como os pequenos impressos; outros mais sofisticados como os vídeos institucionais. Todos objetivam reafirmar e fortalecer o elo com a população, que concedeu ao político o seu mandato. Quem exerce função pública, remunerada pelo erário público, tem a obrigação de dizer, de forma eficaz, o que está fazendo. 
As mídias sociais ganharam um papel relevante não apenas nas campanhas eleitorais, mas na política como um todo. Que importância elas têm dentro desse contexto? 
Elas têm grande importância, pois a possibilidade de interagir com o público fortalece a atividade de prestação de contas, com os interessados podendo realizar perguntas e comentários sobre a atuação do mandatário, sugerir novas ações e compartilhar informações de forma rápida e permanente. As redes sociais também têm grande poder de mobilização, podendo despertar maior interesse em relação aos assuntos do mundo político e parlamentar. Atualmente quem não está conectado a este mundo já sai perdendo na disputa, certamente.
A imagem dos políticos, hoje, nunca esteve tão em baixa. Como mudar essa imagem nesse cenário de crise ?
A exposição sistemática de escândalos gerou o afastamento das pessoas da política. Só é possível alterar esse quadro com uma agenda positiva e com a mudança de paradigmas, na forma de pensar e de fazer a política. Os políticos têm de apresentar mais resultados para sociedade, ao invés de apresentar resultados para a própria classe política. É preciso que a classe política rompa com esse ciclo vicioso e se relegitime. Em paralelo, vejo muito gente nova e indignada, disposta a entrar na política para mudar o estado de coisas. Isso também é uma força que pressiona por mudanças dos atuais políticos, temerosos por perder espaço.
Então, essa percepção negativa sobre os políticos pode mudar?
O vínculo simbólico entre representante e representado se quebrou. É preciso mudar a forma como os políticos enxergam atualmente a atividade política, superando o formalismo e o distanciamento do cidadão comum. Por que os políticos não usam aviões de carreira? Por que não andam nas ruas e conversam com as pessoas? Por que não procuram saber in loco o que está afligindo o povo? E mais: com os avanços da tecnologia, por que não fazem encontros abertos online? As tecnologias da informação devem ser utilizadas para esclarecer a população como funcionam as instituições, para realizar a pedagogia da política e ampliar o envolvimento e o controle social. Em resumo: dar poder às pessoas, e não apenas receber.
Com as mudanças na legislação eleitoral e a Lava Jato, o que um político deve priorizar para conquistar o eleitor e o voto? Como serão as campanhas eleitorais daqui para frente?
Serão campanhas de diálogo com o eleitor, campanhas 3.0. Ou seja, campanhas mais interativas. Esta interação não deverá ocorrer apenas por meio da internet, mas sim em todas as atividades e em todos os momentos da campanha. O perfil de liderança na sociedade como um todo se modificou ao longo do tempo. Agora é a hora de um novo perfil de líder político. Portanto, nas campanhas, se destacarão aqueles políticos com habilidades interpessoais, capacidades de se relacionar e de expor com clareza o seu pensamento, ouvindo e respeitando as diversas opiniões e formulando sínteses.

Multidão encara sufoco e fila numa boa para curtir a praia

Multidão encara sufoco e fila numa boa para curtir a praia (Foto: Ney Marcondes)
Fila para pegar ônibus rumo a Mosqueiro ficou imensa por várias horas, na manhã de sábado (Foto: Ney Marcondes)
Amanhã de sábado foi de muito movimento e espera para quem saiu de Belém em direção aos balneários do Estado. No terceiro final de semana dessas férias de julho, tanto o Terminal Rodoviário de Belém, quanto a parada de São Brás de onde saem os ônibus para Mosqueiro ficaram tomados por passageiros.
Já nas primeiras horas da manhã, o pátio do Terminal Rodoviário já estava lotado. Por todo lugar que se olhava, uma grande quantidade de malas aguardavam no chão pelos passageiros. Sentados ou em pé, muitos ainda providenciavam a compra dos bilhetes. Dentre os destinos mais procurados, Mosqueiro era o que mantinha a maior fila.
Preparada para ficar no distrito pelos próximos 15 dias, a aposentada Paulina de Souza Jardim, 63 anos, não escondia a expectativa pela viagem de férias. “Para mim Mosqueiro é maravilhoso. Eu gosto de tudo: das praias, da Vila à noite”, enumerou, ao destacar que estava levando na bagagem todo o necessário para aproveitar o passeio. “Estamos levando ventilador, roupas, chapéu, tudo o que precisa”.
Também com uma grande quantidade de malas, a diarista Cleide Damasceno, 39 anos, seguia viagem para Mosqueiro com outras oito pessoas da família. O planejamento era aproveitar o final de semana e retornar à Belém já na segunda-feira. “Para nós Mosqueiro é uma boa opção porque reúne a família. Já tem uma parte dos parentes que já estão para lá”.
Veranistas esperam até 3h pelo ônibus
Na tentativa de aproveitar as férias com os quatro netos, o aposentado Carlos Roberto Cardoso, 60 anos, chegou à parada de onde saem os ônibus urbanos para Mosqueiro ainda por volta de 6h de sábado. Com o relógio já chegando em 9h, ele ainda não havia conseguido embarcar com destino ao distrito. “Eu não imaginava que 
estaria tão lotado”.

Apesar da longa espera, ele não perdia a animação. Junto com ele e os quatro netos, outras cinco pessoas da família seguiam para aproveitar o final de semana na ilha. Com tanta gente tentando sair da cidade para o mesmo destino, a fila que se formava em São Brás se estendia por um longo perímetro da calçada. Da praça que fica quase em frente ao Mercado de São Brás, a fila seguia até passar da Praça da Leitura e dobrar pela Terceira Vila do Conjunto IAPI.

Reforma Trabalhista: o que vai mudar?

O presidente Michel Temer sancionou na última quinta-feira(13), sem vetos, a Reforma Trabalhista, que deve começar a valer em 120 dias. A aprovação da reforma, tida pelo governo como uma de suas prioridades, divide opiniões. Afinal, o que muda, realmente, com a Reforma?
O DIÁRIO ouviu o advogado Daniel Cruz, presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado do Pará (ATEP-PA) sobre o tema. Na avaliação dele, o texto aprovado pelo Senado Federal, na última terça-feira (11), vai provocar uma profunda mudança na Justiça do Trabalho e nas relações de trabalho como conhecemos hoje. Para ele é uma grande vitória para o empresariado. “Melhora muito sua forma de contratação, e garante maior segurança na quantificação dos riscos da atividade”, explica. 
O advogado entende a Reforma Trabalhista como necessária para a competitividade do Brasil no mercado internacional, com a melhor otimização da atividade empresarial e a simplificação de alguns procedimentos para os advogados. Por outro lado, para Daniel, há o risco de enfraquecimento dos sindicatos e uma diminuição brutal nos direitos e garantias dos trabalhadores que, segundo ele, deveria ser gradual. “As garantias da antiga lei deveriam ser modificadas gradualmente”, diz. “Do jeito que foi feito vai gerar conflitos entre empresários e trabalhadores, bem como uma forte insurgência por parte da Justiça do Trabalho”, prevê o advogado. No quadro ao lado, o DIÁRIO mostra quais as principais mudanças e como estas afetam empregados e empregadores. 
ALTERAÇÕES
Em minuta enviada ao Congresso, o governo resolveu alterar a nova lei em alguns pontos, como a regulamentação da jornada 12h x 36h -que deve ser prevista em acordo coletivo; a regulamentação da jornada intermitente (quando o trabalhador é contratado sob demanda); e a proibição de grávidas de trabalhar em locais insalubres, por exemplo. 
Outro ponto revisto em relação à versão anterior é a salvaguarda para que um trabalhador contratado sob regime comum não possa ser demitido e recontratado imediatamente por meio de um contrato de jornada intermitente. Pela proposta da medida, será necessário um intervalo de 18 meses entre a demissão e a nova contratação.
PARA ENTENDER A REFORMA TRABALHISTA
PRINCIPAIS PONTOS
- Horas In Itinere: O tempo que o trabalhador passa em trânsito entre sua residência e o trabalho, n a ida e na volta da jornada, com transporte fornecido pela empresa, deixa de ser obrigatoriamente pago ao funcionário.
- Tempo na empresa: Pelo texto, deixam de ser consideradas como integrantes da jornada atividades como descanso, estudo, alimentação, higiene pessoal e troca do uniforme. 
- Descanso: Atualmente, o trabalhador tem direito a um intervalo para descanso ou alimentação de uma a duas horas para a jornada padrão de oito horas diárias. Pela nova regra, o intervalo deve ter, no mínimo, meia hora, mas pode ser negociado entre empregado e empresa. Se esse intervalo mínimo não for concedido, ou for concedido parcialmente, o funcionário terá direito a indenização no valor de 50% da hora normal de trabalho sobre o tempo não concedido.
- Rescisão: A rescisão do contrato de trabalho de mais de um ano só é considerada válida, segundo a CLT, se homologada pelo sindicato ou autoridade do Ministério do Trabalho. A nova regra revoga essa condição.
- Rescisão por acordo: Passa a ser permitida a rescisão de contrato de trabalho quando há “comum acordo” entre a empresa e o funcionário. Nesse caso, o trabalhador tem direito a receber metade do valor do aviso prévio, de acordo com o montante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), até o máximo de 80%, mas não recebe o seguro-desemprego.
- Comissão de fábrica: Toda empresa com mais de 200 empregados deverá ter uma comissão de representantes para negociar com o empregador. A escolha será feita por eleição, da qual poderão participar inclusive os não-sindicalizados.
- Danos morais: A indenização a ser paga em caso de acidente, por exemplo, passa a ser calculada de acordo com o valor do salário do funcionário. Aquele com salário maior terá direito a uma indenização maior, por exemplo.
- Quitação anual: O novo texto cria um termo anual, a ser assinado pelo trabalhador na presença de um representante do sindicato, que declara o recebimento de todas as parcelas das obrigações trabalhistas, com as horas extras e adicionais devidas.
- Salários: Benefícios como auxílios, prêmios e abonos deixam de integrar a remuneração. Dessa forma, não são contabilizados na cobrança dos encargos trabalhistas e previdenciários. Isso reduz o valor pago ao Instituto Nacional do Seguo Social (INSS), e, consequentemente, o benefício a ser recebido.
- Salários altos: Quem tem nível superior e recebe valor acima do dobro do teto dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social (cerca de R$ 11 mil) perde o direito de ser representado pelo sindicato e passa a ter as relações contratuais negociadas individualmente.
O QUE NÃO MUDA
- O FGTS e a multa de 40%: O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não deixa de existir com a reforma trabalhista.
- O 13º salário : O pagamento do 13º salário é um direito que continua valendo e que não poderá ser retirado nem por negociação coletiva.
- Jornada de trabalho de até 44 horas semanais: Pela regra atual, a jornada é limitada a 8 horas diárias, 44 horas semanais e 220 horas mensais. A partir da reforma, a jornada diária poderá ser de 12 horas com 36 horas de descanso, respeitando o limite de 44 horas semanais (ou 48 horas, com as horas extras) e 220 horas mensais.
- Férias: Pela nova regra, empregador e empregado podem negociar as férias em três períodos, desde que ao menos um deles seja de no mínimo 15 dias corridos. O terço constitucional pago sobre o valor das férias continua vigorando.

Riscos de câncer de pele aumentam com o calor de Belém

Riscos de câncer de pele aumentam com o calor de Belém (Foto: Mauro Ângelo)
Nos dias de sol forte, todo o cuidado é pouco. A sombrinha é sempre uma boa escolha (Foto: Mauro Ângelo)
A temperatura média de Belém, durante o ano, é de 26º C. Em julho, o calor fica mais intenso, com a máxima podendo chegar a 32º C. Por isso, a região é propícia para a ocorrência de problemas de saúde ocasionados pela extensa exposição a raios solares. Entre eles, está o câncer de pele, considerado por especialistas o tipo de câncer mais comum no País. Esse tipo de câncer é causado pela radiação solar, que faz com que células da pele se multipliquem de forma errada, o que pode gerar uma série de outros problemas. 
Segundo a médica cirurgiã oncologista Ana Paula Borges, há dois tipos principais de câncer de pele: o melonoma, que é mais raro, porém mais grave; e os não-melonoma, mais comuns e menos letais. “A incidência do melonoma é pequena, de apenas 3% no Brasil, sendo ainda menor no Pará. Mas ele é muito grave, devido sua alta possibilidade de metástase, e pode levar a morte”, continua a cirurgiã. 
Ela explica que a incidência em pessoas mais brancas é maior, visto que a melanina acaba protegendo peles mais escuras. Além disso, existe uma predisposição genética. “Se já houve casos de melonoma em familiares anteriormente, é preciso ficar mais atento”, ela alerta.
Já os cânceres não melanoma são principalmente os carcinoma basocelular ou espinocelular. Não são considerados letais, mas podem causar lesões e deformidades na pele, sobretudo nos braços e rostos, que são regiões mais comumente atingidas. Pessoas que possuem queimaduras externas e outros tipos de feridas crônicas devem tomar ainda mais cuidados, pois estão mais vulneráveis a desenvolver o problema.
PROTEJA-SE
Como formas de proteção, a médica indica a utilização de coberturas, como chapéus e sombrinhas, além de óculos de sol e muito protetor solar. “Protetores de fator acima de 50 são os melhores para protegerem contra esse tipo de radiação. Principalmente no sol alto das 10h até as 15h”, orienta. Além disso, a médica chama a atenção para o cuidado com as crianças, que deve ser ainda maior. “É uma fase em que elas acumulam muita radiação”, explica. A médica garante ainda que o diagnóstico precoce é o melhor curso de ação para curar o câncer. “As chances são de 90% de cura se for tratado ainda no início”, assegura.
Mesmo sob o sol, muitos Belenenses não procuram se proteger
Nas ruas, o DIÁRIO ouviu belenenses para saber se eles costumam se proteger. A estudante Luciane Souza, 14 anos, diz que tem sempre cuidado com o sol. “Passo protetor quase sempre e uso óculos escuro pra sair quando tá quente e chapéu também”.
Já a técnica em logística Rafaela Souza, 27, diz que é meio desligada. “Confesso que não tomo muito cuidado não. Mas uso óculos pra proteger a vista e costuma andar de sombrinha. Hoje até esqueci de trazer o protetor pra ir pra Mosqueiro, vou ter que comprar lá.”
O promotor de vendas Jonathan Brasil, 25, diz que mudou de hábito após ter problemas na pele. “Eu não costumava me cuidar. Mas tive um problema que deixou minha pele descascando, foi quando comecei a ter mais atenção”, lembra. “Hoje uso protetor, ando de óculos. Quando vou a praia, fico sempre numa parte mais coberta.”
Cuidado com o sol
- Usar chapéus, camisetas e protetores solares.
- Evitar a exposição solar e permanecer na sombra entre 10 e 16h (horário de verão).
- Na praia ou na piscina, usar barracas feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV 
ultrapassam o material.
- Usar filtros solares diariamente, e não somente em horários de lazer ou diversão. 
- Utilizar um produto que proteja contra radiação UVA e UVB e tenha um fator de proteção solar (FPS) 30, no mínimo. Reaplicar o produto a cada duas horas ou menos, nas atividades de lazer ao ar livre. Ao utilizar o produto no dia-a-dia, aplicar uma boa quantidade pela manhã e reaplicar antes de sair para o almoço.
- Observar regularmente a própria pele, à procura de pintas ou manchas suspeitas.
- Consultar um dermatologista uma vez ao ano, no mínimo, para um exame completo.
- Manter bebês e crianças protegidos do sol. Filtros solares podem ser usados a partir dos seis meses.

Jader Barbalho cobra ações que previam investimentos no Marajó

Jader Barbalho cobra ações que  previam investimentos no Marajó (Foto: Mauro Ângelo)
Jader Barbalho lamenta a falta de investimentos para a melhoria de vida da população que vive na região, como no município de Soure (Foto: Mauro Ângelo)
Há 11 anos o Governo Federal lançou um programa que reacendeu a esperança na população do Marajó. O Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, inserido no Plano Plurianual (PPA) 2008-2012 e lançado em 26 de julho de 2006, não vingou. As ações foram interrompidas e não há definição sobre o seu futuro. Enquanto isso, distante do foco do Governo do Pará e do Governo Federal, a população marajoara sofre com o isolamento, com o crescimento da violência e com os crescentes desníveis sociais.
A previsão é que já tivessem sido investidos R$ 2 bilhões em um plano que envolveria desde ações estruturais, como serviços básicos (saneamento, saúde e educação), até “diretrizes e ações governamentais para a implementação de um modelo de desenvolvimento construído em parceria com a sociedade local, capaz de mudar a face de atraso e pobreza em que se encontra a região”, conforme o texto do longo documento assinado por 31 órgãos do Governo Federal, entre administração direta e indireta naquele ano.
Preocupado com a falta de investimentos e de ações efetivas que contribuam para melhorar a vida da população marajoara, o senador Jader Barbalho (PMDB), encaminhou ao ministro da Casa Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, um Requerimento solicitando informações sobre o andamento do Plano. Jader pergunta ao ministro se já há programação para dar sequência ao Plano de Desenvolvimento, considerado uma das mais importantes iniciativas para a região.
PIORES IDHs 
Metade da população do maior arquipélago fluvio-marítimo do mundo vive em situação de completo abandono por parte do Estado brasileiro. O resultado do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) colocou oito dos 16 municípios marajoaras como os piores do Brasil sendo Melgaço o pior deles, com 0,418 em uma escala de 0 a 1,0.
Além de Melgaço, estão inseridos nos mais baixos índices de desenvolvimento humano os seguintes municípios do Marajó: Chaves (453), Bagre (471), Portel (483), Anajás (484), Afuá (489), Curralinho (502) e Breves (503). Estes estão na lista dos 50 piores resultados por municípios do Brasil.
O Plano Marajó
Com investimentos previstos de quase R$ 2 bilhões em todo o território do arquipélago do Marajó, o Plano de Desenvolvimento previa a emancipação econômica de uma das mais pobres regiões do Brasil, detentora de péssimos indicadores sociais. O plano previa assistência aos 16 municípios marajoaras com ações em infraestrutura, sobretudo em rodovias; atenção básica de saúde, principalmente no combate aos surtos de malária; e todo o ordenamento territorial da região.


Povo marajoara sofre sem serviços básicos 

Jader Barbalho já cobrou informações anteriormente. Ele lembra que, nos últimos anos só vem obtendo informações vagas. “O Governo Federal já extrapolou todos os prazos previstos no Plano. Como entender esse quadro de abandono e pobreza em um Estado onde foi construída recentemente o maior projeto de infraestrutura do Brasil, e talvez do mundo, em investimento, que é a Usina de Belo Monte?”, argumenta.
Na opinião do senador paraense, os baixos índices de desenvolvimento humano na região do Marajó demonstram uma junção da insensibilidade e da incompetência dos órgãos públicos envolvidos no Plano de Desenvolvimento. “Solicitei informações que devem ser prestadas sob pena de condenarmos, em definitivo, uma população que enfrenta todo tipo de adversidades, que vão desde a prostituição infantil, o tráfico humano, a falta de estrutura em serviços básicos como saúde e educação, que só tendem a se agravar”, protesta. Para Jader Barbalho, é difícil compreender como estamos entre os piores se temos a maior província mineral do mundo, e tantas riquezas e potencialidades econômicas que contribuem decisivamente para o equilíbrio da balança  comercial do Brasil.
Nos últimos anos os projetos de manejo previstos no Plano foram paralisados e a região perdeu sua principal fonte de recursos. Jader Barbalho quer saber o que fizeram de 2007 até agora os órgãos federais coordenados pela Casa Civil da Presidência da República envolvidos nas ações do Plano Marajó.

Projeto quer diminuir trabalho infantil no Pará

Projeto quer diminuir trabalho infantil no Pará (Foto: Ricardo Amanajás)
Weverton (à frente) e David trabalham como jovem aprendiz no TRT, em Belém (Foto: Ricardo Amanajás)
O jovem Weverton Bernardes Teixeira, 17 anos, começou a trabalhar aos 13 anos. A última ocupação foi de ajudante de palhaço em aniversários e eventos. O trabalho era ocasional e rendia de R$ 30 a R$ 50 por participação. “Meus pais nunca me obrigaram a trabalhar. Fazia porque eu queria ajudar eles e ter algum dinheiro para comprar minhas coisas”, diz o estudante, que cursa o 2º ano do Ensino Médio.
Com o pai desempregado e a mãe garçonete, Weverton faz capoeira. Seu professor é conselheiro tutelar e o levou até a Associação dos Moradores do Bengui onde conheceu o projeto da Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8). 
O projeto recupera crianças, jovens e adolescentes do trabalho degradante e incentiva o retorno à escola e o encaminhamento ao primeiro emprego. “Desde janeiro trabalho no setor de Tecnologia do TRT. Trabalho 4 horas como jovem aprendiz, ganho um salário mínimo e vale-transporte”, diz. Weverton faz parte de um projeto criado pela desembargadora Maria Zuíla Lima Dutra, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Pará e Amapá), chamado “Não ao trabalho infantil e sim ao direito de sonhar”. A princípio, ela identificou que, de 216 mil alunos de 6 a 16 anos, de escolas públicas de 33 municípios do Pará, um quarto deles são trabalhadores infantis.
David William Dantas, também com 17 anos, trabalha no mesmo setor que Werverton no TRT-8 e tem uma história bem parecida: trabalha desde os 14 anos e não ganhava nem R$ 200,00 mensais como ajudante de pedreiro. “Minha vida melhorou muito. Quero fazer doutorado e mestrado em Ciência da Computação!”, sonha. 
FAMÍLIA
Dos trabalhadores infantis no Pará, a renda obtida por 76% deles contribui diretamente na manutenção da família. Além disso, 93% dos casos de evasão escolar estão relacionados ao trabalho infantil. “Queríamos aprofundar nosso conhecimento para poder agir”, conta a desembargadora Zuíla. O projeto conseguiu reunir mais de 100 voluntários, chamados de “padrinhos cidadãos”, que apoiam duas mil crianças e adolescentes que trabalham ou estão em situação de extrema vulnerabilidade social.
O padrinho passa a acompanhar a criança e muitas vezes também a sua família, para dar formação educacional e cultural adequada. “Para aqueles que precisam, efetivamente trabalhar, como é o caso de Weverton, é importante que eles se mantenham na escola”, afirma a desembargadora Zuíla.
TRISTE ESTATÍSTICA - TRABALHO INFANTIL
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,6 milhões de crianças entre 5 e 17 anos são atingidas pelo trabalho infantil degradante, sendo que 70 mil têm de 5 a 9 anos, faixa etária em que o índice de trabalho vem aumentando nos últimos anos. Na Região Norte, 311 mil crianças e adolescentes possuem uma rotina pesada de trabalho, sendo 168 mil somente no Estado do Pará.