Weverton (à frente) e David trabalham como jovem aprendiz no TRT, em Belém (Foto: Ricardo Amanajás)
O jovem Weverton
Bernardes Teixeira, 17 anos, começou a trabalhar aos 13 anos. A última
ocupação foi de ajudante de palhaço em aniversários e eventos. O
trabalho era ocasional e rendia de R$ 30 a R$ 50 por participação. “Meus
pais nunca me obrigaram a trabalhar. Fazia porque eu queria ajudar eles
e ter algum dinheiro para comprar minhas coisas”, diz o estudante, que
cursa o 2º ano do Ensino Médio.
Com o pai desempregado e a
mãe garçonete, Weverton faz capoeira. Seu professor é conselheiro
tutelar e o levou até a Associação dos Moradores do Bengui onde conheceu
o projeto da Comissão de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à
Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (TRT-8).
O projeto recupera
crianças, jovens e adolescentes do trabalho degradante e incentiva o
retorno à escola e o encaminhamento ao primeiro emprego. “Desde janeiro
trabalho no setor de Tecnologia do TRT. Trabalho 4 horas como jovem
aprendiz, ganho um salário mínimo e vale-transporte”, diz. Weverton faz
parte de um projeto criado pela desembargadora Maria Zuíla Lima Dutra,
do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (Pará e Amapá), chamado
“Não ao trabalho infantil e sim ao direito de sonhar”. A princípio, ela
identificou que, de 216 mil alunos de 6 a 16 anos, de escolas públicas
de 33 municípios do Pará, um quarto deles são trabalhadores infantis.
David William Dantas,
também com 17 anos, trabalha no mesmo setor que Werverton no TRT-8 e tem
uma história bem parecida: trabalha desde os 14 anos e não ganhava nem
R$ 200,00 mensais como ajudante de pedreiro. “Minha vida melhorou muito.
Quero fazer doutorado e mestrado em Ciência da Computação!”, sonha.
FAMÍLIA
Dos trabalhadores
infantis no Pará, a renda obtida por 76% deles contribui diretamente na
manutenção da família. Além disso, 93% dos casos de evasão escolar estão
relacionados ao trabalho infantil. “Queríamos aprofundar nosso
conhecimento para poder agir”, conta a desembargadora Zuíla. O projeto
conseguiu reunir mais de 100 voluntários, chamados de “padrinhos
cidadãos”, que apoiam duas mil crianças e adolescentes que trabalham ou
estão em situação de extrema vulnerabilidade social.
O padrinho passa a acompanhar a criança e muitas vezes também a sua família, para dar formação educacional e cultural adequada. “Para aqueles que precisam, efetivamente trabalhar, como é o caso de Weverton, é importante que eles se mantenham na escola”, afirma a desembargadora Zuíla.
O padrinho passa a acompanhar a criança e muitas vezes também a sua família, para dar formação educacional e cultural adequada. “Para aqueles que precisam, efetivamente trabalhar, como é o caso de Weverton, é importante que eles se mantenham na escola”, afirma a desembargadora Zuíla.
TRISTE ESTATÍSTICA - TRABALHO INFANTIL
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,6
milhões de crianças entre 5 e 17 anos são atingidas pelo trabalho
infantil degradante, sendo que 70 mil têm de 5 a 9 anos, faixa etária em
que o índice de trabalho vem aumentando nos últimos anos. Na Região
Norte, 311 mil crianças e adolescentes possuem uma rotina pesada de
trabalho, sendo 168 mil somente no Estado do Pará.
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