As ocupações irregulares estão se
tornando as paisagens mais frequentes encontradas pelas praias da Ilha
de Mosqueiro, distrito Municipal de Belém. As regiões das praias de
Paraíso, Baía do Sol e de São Francisco são as mais vulneráveis para a
ocorrência de erosão, fenômeno climático natural, propiciado pela ação
do homem no meio ambiente.
Em dados gerais referentes ao Pará,
estima-se que pelo menos 44% da Zona Costeira é habitada, indicando que
um total de 6% como um todo do Estado deveria ser protegido, mas está
sendo usado sem restrições, aponta o Programa de Estudos Costeiros (PEC)
do Museu Paraense Emílio Goeldi.
EROSÃO
EROSÃO
De acordo com o geólogo Almicar Carvalho
Mendes, um dos integrantes do PEC e pesquisador do Museu Goeldi, além
da corrente da maré, as ondas geradas pelos ventos são os fatores
responsáveis por esse fenômeno. Porém, o mais alarmante é a exposição da
vida nesses ambientes que são propícios para este tipo de ocorrência
natural.
“O problema é amplificado pela ocupação
irregular, que acaba acelerando esse processo. O proprietário faz um
muro de contenção em toda a área erodida e isso agrava o estado do
solo. No entanto, o mais agravante é a omissão do Estado quanto à
legitimidade desses locais para a moradia. Falta atitude do poder
público e política de estado para orientar as pessoas sobre essas áreas
de risco. Os impostos prediais gerados ao governo são uns dos motivos
que consolidam essa prática”, criticou.
As construções que beiram as águas doces
das praias que mais passam pela erosão adentram e às vezes, elas passam
a invadir a área limite. Registros fotográficos feitos pelo DIÁRIO
entre 2012 e hoje mostram a diferença do número de construções à
beira-mar, se comparado aos existentes recentemente.
Comparando-se fotografias feitas nos
dois anos de diferença é possível perceber que houve uma grande área de
praia de Marahú, hoje explorada para a moradias próprias de forma
inconveniente. Outras áreas foram transformadas em piscinas
particulares. Construções de áreas comerciais também ganharam ritmo
acelerado no período de dois anos.
Na praia do Bispo, onde não há muita
incidência recente de ocupações irregulares, um comerciante disse que
foi fácil encontrar apoio da prefeitura para manter sua propriedade, que
já possui 20 anos, em um local bem acidentado e com grande risco de
perda total.
“Já ocorreu uma grande erosão aqui, há dez anos e a prefeitura foi acionada e fez os reparos devidos”, conta Helvio Mell, 60.
Segundo o pesquisador Amilcar Mendes, a falta de estudos voltados para essa região também é um fator que evidencia a ausência de interesse por parte do poder público: há demanda de pesquisas direcionadas a regiões como Salinópolis, na qual a praia do Farol Velho é uma das mais atingidas pela erosão, mas não existem estudos recentes para a Ilha de Mosqueiro.
Segundo o pesquisador Amilcar Mendes, a falta de estudos voltados para essa região também é um fator que evidencia a ausência de interesse por parte do poder público: há demanda de pesquisas direcionadas a regiões como Salinópolis, na qual a praia do Farol Velho é uma das mais atingidas pela erosão, mas não existem estudos recentes para a Ilha de Mosqueiro.
“É preciso destinar verbas ao Zoneamento
Ecológico Econômico (ZEE) do Estado do Pará e retomar a discussão para o
Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro (PNGC). O ZEE, basicamente,
é um instrumento de informações que irá fornecer subsídios para a
utilização sustentável do território, possibilitando a gerência de
políticas para cada região. Estados e municípios devem disciplinar o uso
e a ocupação do território. Há áreas que são de manguezais, de dunas ou
ainda áreas preservadas”, defende Amilcar Mendes.
Ainda de acordo com o geólogo, a lei de
criação do zoneamento costeiro data de 1988. Retomada apenas este ano,
possui uma proposta fundamental, que é a de fazer um pacto entre a
União, os Estados e os municípios para que as peculiaridades de cada um
sejam atendidas.
“O Pedral do Lourenço é um exemplo de
projeto que resulta em grande impacto ambiental, e é para isso que são
feitos estudos de impacto sobre o meio ambiente. Por outro lado, é uma
área de potencial logístico para o Estado, cuja dinâmica do espaço
precisa ser feita de maneira racional e responsável”, enumetrou Mendes.
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