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domingo, 17 de agosto de 2014

BELÉM DO PARÁ - Homicídios cresceram 127% em dez anos

Pergunta de vestibular: o que foi preciso para que a violência no Estado do Pará explodisse, aumentando em mais de 120% em apenas uma década? A informação vem do último Mapa da Violência, do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, lançado esse ano, que analisa o cenário de mortes violentas ocorridas em todo o país entre os anos de 2002 e 2012 - o que, no Pará, corresponde a uma gestão e meia do PSDB, entre 2002 e 2005, e de 2010 até hoje, sendo que esta última já carrega nas costas uma greve das polícias Civil e Militar, e uma do PT, entre 2007 e 2010.
O documento, disponível integralmente para download no www.mapadaviolencia.org.br, mostra que o crescimento do número de homicídios registrados é, de fato, uma realidade nacional, e de cerca de 13% na década supracitada. Só que sendo mais específico, o estudo informa que os quantitativos crescem principalmente no Norte, onde os números duplicam no Pará e também no Amazonas e Tocantins. Importante dizer que, enquanto a região registra 71% de aumento, o Pará, sozinho, registra quase o dobro, 126,9%. É a sexta capital em volume de aumento no número de homicídios registrados - um crescimento “explosivo”, como dito pelo próprio autor da pesquisa. “Goiás, Bahia, Sergipe, Pará e Paraíba, que em 1998 apresentavam índices relativamente baixos, em 2012 passam a ocupar lugares de maior destaque nessa nova configuração”, reforça material.
Veja, aqui, o quadro comparativo dos números de homicídios, latrocínios, furtos e roubos, registrados nos anos de 2013 e 2014.

QUADRO PIORA
O Mapa da Violência ainda não divulgou os números para os anos de 2013 e 2014, mas dados do Sistema de Informações de Segurança Pública (Sisp) e dados obtidos pelo DIÁRIO junto ao Sindicato de Policiais Civis do Pará já mostram que a situação não está melhorando - ao contrário do que prega a ilusória e inflacionada propaganda governamental, a mesma que ganhou um bônus de R$ 15 milhões no Orçamento Geral do Estado 2014, em relação o OGE de 2013, enquanto a Segurança Pública perdeu R$ 86 milhões, de acordo com o mesmo planejamento: entre janeiro e junho desse ano, já foram registrados 1.872 homicídios, contra os 1.832 registrados no mesmo período do ano anterior.
“É um crescimento discreto, mas que preocupa pela tendência ao agravamento”, afirma o antropólogo e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Romero Ximenes. “A motivação do homicídio, do latrocínio precisa ser vista de forma globalizada. Para começar, o crime é sintoma, e não causa. Seus praticantes são jovens e residem, muito geralmente na periferia. Um total de 82% da população de Belém tem uma renda familiar de dois salários mínimos, que não pode acompanhar o padrão de consumismo imposto pelo atual sistema de mercado que temos. Quando esse consumo não pode acontecer por bem, vem a delinquência”, analisa. “Não há como dizer que não há repressão porque a polícia está prendendo mais e a Justiça condenando mais. Acontece que só isso não basta, até porque a ‘máquina de produção’ de transgressores trabalha bem mais efetivamente do que o sistema que os pune”.
Em relação ao crescimento do número de homicídios registrados entre 2002 e 2012, Ximenes é categórico. “Poderia ter sido ainda maior não fossem os programas assistenciais, como o Bolsa Família, do Governo Federal, por exemplo. A criminalidade vai além da questão de polícia, embora, é claro, o desejado é que haja uma gestão, um sistema que funcione melhor, ainda mais quando se sabe que há grupos que comandam o crime até mesmo de dentro dos presídios. Por exemplo, não é do feitio das gestões tucanas o investimento em questões salariais do funcionalismo, e quando isso acontece na polícia, é complicado. Há até um jargão utilizado entre eles mesmos, que diz que polícia mal paga é polícia que se paga, ou seja, que busca melhorar a renda de outras formas, em atividades ilícitas, se valendo do poder oriundo de suas profissões”, detalha o antropólogo.
“A Polícia é ingrediente na prevenção do crime, não é solução, não é quem vai zerar com a criminalidade, até porque isso não existe, é como acabar com o tráfico de drogas. Essa falta de controle da violência só pode ser sanada com o aumento das oportunidades, da distribuição de renda”, avalia o professor.

SEGUNDO PIOR
Esta não é a primeira vez que os índices alarmantes do Pará ganham destaque em estudos e pesquisas do gênero. No final do ano passado, a Secretaria Nacional da Segurança Pública do Ministério da Justiça (Senasp/MJ) divulgou o resultado da primeira edição da Pesquisa Nacional de Vitimização, que colocou o Pará no segundo lugar no ranking da violência contra pessoas: 35,5% dos entrevistados afirmaram ter sido vítimas de algum tipo de crime - agressão, discriminação, furto de objeto, fraude, acidente de trânsito, roubo de objeto, furto de carro, ofensa sexual, furto de moto, roubo de carro, roubo de moto e sequestro relâmpago - durante todo o ano de 2013. Em Belém, o índice subia para mais de 40%.  A média brasileira estava, como sempre, abaixo, em 21%. Já no início de 2014, a ONG Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, com sede no México “elegeu” Belém a 23ª cidade mais violenta do mundo, com uma taxa de 48,23 homicídios para cada 100 mil habitantes - sendo que no ano anterior, a capital paraense estava na 26ª posição.

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