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domingo, 31 de agosto de 2014

BELÉM DO PARÁ - Trânsito é assassino e sem fiscalização no Pará

O acidente ocorrido na Av. João Paulo II, em Belém, na madrugada do último domingo, 25, envolvendo um único veículo de passeio que vinha de um show realizado no Entroncamento e com sete passageiros a bordo - sendo que três deles, morreram na hora - mostrou mais uma vez que, na batalha da fiscalização efetiva do trânsito contra a condução irresponsável, o primeiro ainda perde feio do segundo.
Basta dar uma volta pela capital paraense, passando por perto do circuito de bares e restaurantes da capital paraense para perceber que a combinação álcool e volante ainda é uma constante na vida dos jovens e dos nem tão jovens assim - sem falar nos sempre movimentados postos de gasolina e suas lojas de conveniência, que vendem e permitem ali mesmo o consumo de bebida alcoólica até o início da madrugada mesmo em dias de semana. O que significa que acidentes trágicos, como o que ocorreu no último final de semana, podem sempre estar na iminência de se repetir. E isso porque a legislação que impõe tolerância zero para o consumo de álcool por parte de motoristas, a Lei 11.705, a Lei Seca, vale desde 2008.
Em abril desse ano, representações do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Belém se reuniram para discutir o Projeto Vida no Trânsito, do Ministério da Saúde - cuja finalidade é integrar ações sobre lesões e mortes causadas pelo trânsito, além de identificar os fatores de risco principais e grupos de vítimas mais importantes. À ocasião, foi divulgado que, de acordo com o Sistema Nacional de Mortalidade (SIM), o Pará registrou 1.286 mortes por acidente de trânsito, em 2012; 1.333 em 2013, e 229 nos primeiros meses de 2014. Dizer que esse número vem crescendo de lá para cá é desnecessário.
O técnico em Segurança e Educação no Trânsito da Superintendência de Mobilidade Urbana (SeMob), autarquia da PMB, Manoel Pinheiro, afirma que são constantes as ações em conjunto da SeMob com o Departamento de Estado de Trânsito (Detran-PA), e outras frentes, como Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e outros órgãos de Segurança Pública estaduais, mas que 70% da eficácia das operações ainda dependem da responsabilidade do condutor. “Não adianta blitz, redutor de velocidade, multa se a gente não puder contar com o fator humano. Temos feito ações em conjunto principalmente à noite e durante a madrugada, em trechos que são definidos em cima da hora e onde não podemos ficar por muito tempo, já que as pessoas avisam umas às outras, ou em programas que mapeiam as blitzes pela cidade ou pelo celular”, explica.

“SEM DAR CONTA”
“Seja Detran, PM ou SeMob, não há como dar conta de todos os locais por uma questão de quantitativo de servidores, então se o carro feito para receber até cinco passageiros, mais do que isso implica em manobras mais difíceis, menos capacidade de frenagem. Se o condutor tiver bebido, aí os reflexos ficam prejudicados, o número de pontos-cegos no veículo aumentam. Em todas as operações que temos feito, inclusive contando com alguns bares e restaurantes como parceiros, que disseminam a cultura do ‘motorista da rodada’, do ‘se beber, não dirija’, ou ‘se beber, vá de taxi’, a gente sempre reforça que a responsabilidade começa sempre com o motorista”, ressalta Pinheiro.
Pesquisadora na área de mobilidade urbana e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Patrícia Bittencourt Neves, defende a necessidade de ações mais direcionadas e campanhas mais adequadas à realidade da região, e permanentes. “A minha percepção é de que há muita reprodução de campanhas nacionais, e acho que é preciso ir além. Agora em setembro temos a Semana Nacional de Trânsito, aí tudo bem, mas ao longo do ano, é preciso que cada cidade, cada região tem um plano de ações feito de acordo com as estatísticas locais de acidentes mais frequentes e os fatores de risco. Acho que Belém, que o Estado deixa a desejar nesse sentido. O número alto de acidentes de moto é uma realidade nacional, mas é preciso ver a natureza dos acidentes em cada local”, sugere. A entrevista foi concedida ao DIÁRIO por telefone, já que Patrícia está em um evento na capital do Rio Grande do Norte, em Natal, e os poucos dias de estadia no Nordeste já renderam uma comparação interessante. “Do aeroporto para o hotel, fomos parados em uma blitz com bafômetro. Meu irmão, que mora em Belém, ficou surpreso, porque ele estava dirigindo e comentou que nunca foi solicitado a fazer o teste na cidade onde mora. Essa fiscalização direcionada também pode fazer a diferença no Pará”, avalia.

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