São Félix do Xingu é
 o primeiro município paraense do Plano Municipal de Agricultura de 
Baixo Carbono (Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil) 
                    
Um desdobramento 
natural e o início de um caminho sem volta, de uma mudança de 
comportamento que precisava se concretizar - e que pode contribuir para 
que o Pará se torne mais competitivo frente a outros Estados. Assim pode
 ser brevemente descrita a empreitada de São Félix do Xingu, município 
do sudeste paraense, em capitanear o primeiro Plano Municipal de 
Agricultura de Baixo Carbono, ou simplesmente Plano ABC. 
O esquema já existia em nível nacional
 e estadual, mas as peculiaridades da localidade, que ocupa o posto de 
maior rebanho bovino do País, com mais de 2 milhões de cabeças, 
culminaram na criação de um plano próprio. “É só o começo. O trabalho 
que está sendo feito pretende expandir as práticas previstas pelo plano 
também a Tomé-Açu, Capanema, Santarém e Paragominas”, adianta Luiz 
Pinto, secretário executivo do Plano ABC Pará pela Secretaria de 
Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).

Ele lembra que, quando o Ministério da
 Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) propôs o ABC, em 2012, com
 o objetivo de promover uma agricultura mais verde, capaz de diminuir a 
emissão dos gases que provocam o efeito estufa, o Pará se apressou logo e
 foi o segundo a elaborar seu próprio plano, seguindo as tecnologias 
indicadas pelo Governo Federal. “É um plano participativo, no qual todos
 os atores têm voz e as decisões partem de um colegiado”, reforça Luiz. 
Ele cita que, desde o princípio, 
agentes como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), 
Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), Federação dos Trabalhadores
 na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri), dentre outros, sempre 
participaram ativamente dos trabalhos. O coordenador, que tem formação 
em engenharia agrônoma, explica que, do ponto de vista técnico, o ABC, 
independentemente da esfera em que seja aplicado, não traz muitas 
novidades: as tecnologias previstas envolvem algo que já se fazia. 
Criou-se apenas um programa de crédito rural para incentivar o 
agricultor a desenvolver os processos e integrar o que já havia. 
Segundo o especialista, a recuperação 
de pastagens degradadas, por exemplo, que o ABC prevê, era realizada há 
muito tempo. Só que agora é feita de forma sistematizada. “São Félix é 
só o primeiro a aderir, mas virará um modelo”. A The Nature Conservancy,
 uma das maiores ONGs ambientais do mundo, apoia o comitê municipal do 
Plano ABC de São Félix. A ONG deve participar de uma oficina que 
debaterá o assunto, a ser realizada em março, na cidade.
SEMENTES
SEMENTES
A criação de planos próprios por parte
 dos municípios não é prevista originalmente pelo Governo Federal, mas a
 iniciativa abre um precedente positivo. Já foram ministrados 
treinamentos em Tomé-Açu, Santarém, Paragominas e Capanema, com técnicos
 da Embrapa e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do 
Estado do Pará (Emater). “O ABC se torna um ponto de partida. Por 
exemplo, das tecnologias que o plano prevê, o Pará usa sete, por causa 
de suas peculiaridades”, afirma Luiz. 
Segundo ele, tudo isso se torna uma 
referência, porque, para comercializar, ter competitividade no mercado, é
 preciso obter selos de qualidade. “Você vê o impacto causado pela 
tragédia de Mariana, em Minas Gerais? Se fosse aqui, tinham fechado 
tudo. Pessoal de fora sempre coloca dificuldade para comercializar o que
 sai daqui.” Com o ABC, o Pará e sua produção ganham mais um selo de 
qualidade que reforça uma produção de baixo impacto ambiental e social. 
“Só vai vender quem seguir o Plano. A emergência ambiental veio para 
ficar”, destaca.

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