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domingo, 31 de agosto de 2014

Ministro Chefe acredita em reeleição de Dilma

O ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou no início desta semana em Belém, onde esteve em compromisso oficial, que a entrada em cena da ex-senadora Marina Silva alterou profundamente o cenário para as eleições de outubro. Hoje, segundo Gilberto Carvalho, rigorosamente nenhum candidato pode se considerar já no segundo turno, embora ele pessoalmente considere que Aécio Neves, do PSDB, foi em princípio o mais prejudicado.
Tido por muitos analistas políticos como um dos nomes de maior poder e influência na hierarquia do PT, ficando atrás somente do ex-presidente Lula, Gilberto Carvalho admitiu que Marina Silva é uma adversária qualificada. Ele disse que a ex-senadora soma ao seu capital político próprio – acumulado no longo tempo de militância, na passagem pelo Ministério e depois como candidata – parte do sentimento de insatisfação expresso nas ruas em junho de 2013. Ou seja: é razoável acreditar, e as pesquisas já mostram isso, que para ela convergirá o apoio de boa parte daqueles que estavam propensos a se abster ou mesmo a anular o voto. Ele se mostrou convicto, porém, de que o PT e seus aliados reelegerão a presidente Dilma Rousseff no segundo turno.
Sobre a eleição no Pará, Gilberto Carvalho enalteceu a importância da aliança entre PT e PMDB e classificou como “essencial” a eleição de Helder Barbalho para o Governo do Estado. A ascensão de Helder ao governo do Pará permite que seja construído aqui, em parceria com o governo federal, um projeto harmônico e integrado de desenvolvimento.
Confira a íntegra da entrevista, concedida com exclusividade ao DIÁRIO DO PARÁ:
P: O senhor acha que a entrada da ex-senadora Marina Silva na corrida presidencial altera muito o cenário para as eleições de outubro? Até que ponto o novo quadro político vai influenciar a campanha dos principais concorrentes?
R: Mudou muito, sim. O Brasil está assistindo a uma movimentação muito grande, porque a ex-ministra Marina Silva traz consigo um capital que lhe era próprio, um capital que ela granjeou ao longo dos anos na sua militância, na sua passagem pelo Ministério e depois como candidata. Então isso introduziu um elemento novo na corrida presidencial. Eu acho que nós vamos ter uma análise mais realista do quadro aí por volta do dia 7 de setembro, quando já teremos alguns dias do programa eleitoral e quando também baixar um pouco de tom essa coisa da novidade, quando diminuir a comoção pela tragédia que matou o candidato Eduardo Campos. Mas já está evidente, pelos números revelados até aqui, que ela aparece como forte candidata a ir ao segundo turno. É, portanto, uma adversária muito qualificada da presidenta Dilma caso haja de fato segundo turno.
P: Até pouco tempo atrás se dizia que o governo e o PT trabalhavam com a possibilidade de vitória no primeiro turno. Hoje essa possibilidade está afastada ou ela continua existindo, na avaliação da coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma?
R: Deixa eu te falar uma coisa: na coordenação [da campanha], nós nunca trabalhamos de verdade, seriamente, com a possibilidade real de decisão no primeiro turno, até porque os números todos indicavam que a margem era muito apertada. Basta lembrar que nós não ganhamos no primeiro turno nem em 2002, nem em 2006 nem em 2010. Então, pra nós, o segundo turno era uma coisa já estabelecida. A militância é que fala e pode se entusiasmar com a hipótese, mas a gente sabia que não. Então segundo turno vai haver, sim. Resta saber quem vai para o segundo turno. Acho que agora, neste momento, ninguém pode dizer “eu estou no segundo turno”. Essa é, agora, a grande diferença: todo mundo tem de trabalhar muito.

P: Os analistas consideram que o maior prejudicado com a entrada em cena de Marina Silva foi o candidato do PSDB, Aécio Neves. O senhor concorda com esse ponto de vista?
R: Sim. Neste primeiro momento, sem dúvida nenhuma, é o Aécio que está correndo o maior risco de não ir ao segundo turno. Agora, é inegável que ela [Marina] pega uma grande margem de votos também daqueles que não tinham candidato, que tinham tendência até a se abster ou a anular o voto, captando um pouco aquela expressão das ruas de junho de 2013. Também não dá para desconsiderar que ela pode pegar votos igualmente da base da presidenta Dilma. Por isso é que eu digo que a campanha ganhou uma seriedade enorme. Nós mesmos estamos trabalhando muito. Não há clima nem de já ganhou, nem de que vai ser fácil, tanto que eu venho a Belém fazer uma plenária com os militantes do movimento social [plenária que ocorreu na segunda-feira à noite]. A mesma plenária nós estaremos fazendo em 200 cidades do Brasil, nos próximos 15 a 20 dias. Estamos espalhando gente por todo o país para concitar a militância a ir para a rua. Porque essa é uma força que nós temos, e devemos usá-la para marcar com clareza a diferença dos projetos, o que nós realizamos e o que pretendemos realizar. A gente aposta muito no programa de televisão. Costumamos dizer que o programa de televisão, se estivéssemos numa batalha, seria a artilharia. Entendemos que, na campanha, somada a artilharia do programa político à nossa infantaria, que é essa militância, a gente consegue duramente, mas consegue, sim, reeleger a presidenta Dilma.

P: E sobre a eleição no Pará, qual é a expectativa de Brasília? Qual é a leitura que o PT e o governo fazem do cenário eleitoral paraense, onde estão unidos ao PMDB para a eleição de Helder Barbalho?
R: O Pará é, por todas as razões, o Estado do futuro do país. Eu acho que aquilo que aconteceu num dado momento no Estado de São Paulo, e depois em outro ciclo no Parará, no Rio Grande do Sul, ou seja, um ciclo importantíssimo de desenvolvimento, está acontecendo agora aqui no Pará. Falo isso com conhecimento de causa, porque estou muito envolvido com todo o processo aqui, em relação às usinas hidrelétricas, em relação ao cuidado que nós temos que ter com o desenvolvimento sustentável do Estado. Ou seja, temos que ter indústrias, temos que ter crescimento econômico, mas ao mesmo tempo temos que saber trabalhar tudo isso para não agredir e devastar a natureza. Por isso tudo é que, para o governo federal, a eleição do Helder é rigorosamente essencial. Precisamos da eleição do Helder para que o governo federal possa construir, em parceria com o Governo do Pará, um projeto adequado de desenvolvimento, de maneira a incluir as pessoas, a não gerar discriminação e concentração de renda, mas gerar riqueza para todos. Um projeto voltado para o desenvolvimento sustentável, que respeite a natureza, que leve em conta as riquezas naturais que nós temos aqui. Enfim, que seja um desenvolvimento harmônico. Pela parceria que nós já temos com o PMDB aqui no Pará, e pela carreira dele, inclusive na prefeitura de Ananindeua, o Helder reúne essas condições. Por isso é que para o governo federal é tão importante a eleição do Helder Barbalho aqui no Pará.

P: Voltando à sucessão presidencial: há quem acene com a hipótese da candidatura do ex-presidente Lula, no lugar de Dilma, caso as pesquisas de opinião sinalizem para o risco de uma derrota do PT em outubro. Essa hipótese existe mesmo?
R: Olha, sinceramente, para o Lula nunca existiu com seriedade essa hipótese. Por um raciocínio muito simples: a Dilma foi, digamos assim, lançada pelo Lula. O sucesso da Dilma é o sucesso do Lula. O fracasso da Dilma é o fracasso do Lula. Então seria uma situação muito ruim ele ter que voltar, se fosse o caso, porque teria que começar explicando por que aquela que ele apresentou como a candidata a governar o país teria fracassado. Portanto, nós não levamos em conta, sinceramente, essa possibilidade. E repito: por uma questão muito lógica, muito tranquila, e também porque nós confiamos muito na capacidade de presidir o país da presidenta Dilma. Eu acho que para o país é uma dádiva, num tempo de tanta denúncia de corrupção, e tal, você ter uma mulher, incólume e que é absolutamente ética. Uma mulher que, ao mesmo tempo, trabalha muito pelo país, que entrega a sua vida pelo país. Eu acho que isso é uma maravilha para o Brasil.

P: O senhor acha que cenário econômico atual, marcado por dificuldades, pode colocar em risco a reeleição da presidente?
R: Olha, a dificuldade econômica, se você analisar bem, está mais nos jornais, na opinião dos analistas econômicos e nos especuladores do que propriamente na vida do povo. Se você fizer uma enquete aqui em Belém, vai perceber que a vida das pessoas melhorou e continua melhorando. Se é verdade que os números da economia não ostentam um grande desempenho, é verdade também que o número de desempregados não cresceu, pelo contrário, só caiu, que os ganhos salariais continuaram nesse período e que a inflação está sob controle. Então, tendo emprego e não tendo inflação alta, temos aí o principal elemento de saúde da economia. O resto é muita especulação. Tem muito cara jogando no mercado, tem muito cara fazendo jogo político para tentar fazer terrorismo em torno da economia no país. Eu vou fazer uma comparação para você. Belém não foi sede da Copa, mas você lembra o terror que foi feito antes do Mundial, dizendo que não ia ter Copa, que estava uma desgraça, que não ia ter aeroporto, que não ia ter estádio, que não ia ter transporte, etc. Veio a Copa e tudo aconteceu dentro da maior normalidade, quebrando a cara de muita gente. Eu digo pra você que, no caso brasileiro, a gente enfrenta uma copa por dia. É a copa do emprego, é a copa da inflação, é a copa da sustentabilidade e assim por diante. Então, o que há é um grande terror, em que, infelizmente, algumas pessoas confundem um pouco a questão da preferência partidária com os interesses do país.

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